Olhar Crítico - Comunica Digital

Um olhar sobre economia, educação, filosofia e política.

ISSN 1808-785X

A questão é destruí-lo!

Helder Gomes

No Brasil das maravilhas, o presidente declara que não podemos dar crédito ao que diz a grande imprensa e, completa: devemos nos guiar pelo que dizem as redes sociais. Não precisamos repetir o que já se sabe sobre os estragos causados pelo tal gabinete do ódio e a sua máquina de fake news, mas, convenhamos, a imprensa proprietária neste país continua promovendo seu tradicional festival de bobagens, no embalo das festividades, como faz todo final de ano.

A última da moda se refere aos supostos efeitos colaterais do Auxílio Emergencial, distribuído em 5 parcelas de R$ 600,00 e mais 4 de R$ 300,00. Segundo a perspectiva dos especialistas em manuais carcomidos, pagos pela mídia proprietária, a previsão oficial de gastos, em torno de R$ 322 bilhões, teria pelo menos dois efeitos assustadores: um suposto rombo nas contas públicas e a pressão pelo retorno do fantasma da inflação.

Num ano em que o déficit primário deve beirar a R$ 1 trilhão, parece mesmo risível ouvir falar que as tais nove parcelas do auxílio já causaram muitos problemas macroeconômicos e, portanto, deveriam ser suspensas de imediato. Mais hilariante ainda tem sido alguém imaginar que a tal merreca mensal tenha elevado a demanda por contrafilé, picanha e filé mignon, a ponto de provocar o retorno do dragão malvado.

Os institutos indicam taxas de desemprego em massa. Não há a mínima chance de pensar num “novo dia, de um novo tempo, que começou”, pois, as previsões de gente que faz pesquisa séria apontam para um cenário de devastação ainda não vista para os próximos anos: a fome já se alastra, intensivamente.

Este é o país em que os Poderes da República, incluindo aí os veículos de mídia, não dão a menor bola para o fato de que, até pouco tempo, 70% da população economicamente ativa se virava para viver com menos de 2 salários mínimos oficiais e, agora, não tem nem isso e, neste sentido, precisa de alguma forma de assistência emergencial para garantir um mínio de sanidade pública geral.

Quais saídas estão colocadas no jogo político? O vácuo produzido pela inação da esquerda certinha, aliado aos resultados das Eleições 2020, parecem motivar certo assanhamento entre as forças mais conservadoras, as quais, sem uma ameaça concreta, passaram a ensaiar uma oposição mais sistemática ao governo de plantão.

O que prometem e articulam? A intensificação das reformas que buscam destruir qualquer forma de proteção social para quem vive de seu próprio trabalho, deixando livre, sem restrições legais, as forças predatórias dos mercados. Se é assim, qual a diferença entre esta e a proposta, que parece estar em andamento, de universalização da informalidade absoluta, sob o comando das milícias?

Devemos aprender, de uma vez por todas, que não existe o menos pior. O pior é o pior e pronto! Nessa via parece não haver mesmo saída, mas, parece que só encontraremos outra quando percebermos que não basta interpretar corretamente este estado de coisas. Dizem que, se correr, ele pega, se parar, ele come, então, a questão só pode ser de outra ordem.

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